MULHERES E AS ENGENHARIAS: O ENSINO NA GRADUAÇÃO E AS RELAÇÕES DE GÊNERO
DOI:
https://doi.org/10.7447/1678-0493.2024v3n2p155-169Palabras clave:
Engenharia, Gênero, EducaçãoResumen
Este trabalho analisa como as mulheres estão inseridas no ensino de Engenharia na graduação da Universidade Federal de São Carlos. Para identificar as constantes nos mecanismos estruturais que perpetuam a desigualdade de gênero e também de raça, o espaço ocupado pelas mulheres no ensino de Engenharia foi analisado para além das graduandas, observando-se também a gestão da Universidade e as posições nas tomadas de decisão. A partir dos dados oficiais, foi realizada uma pesquisa exploratória, quantitativa e de base documental nos cursos que possuem departamento próprio, desde a primeira turma em 1970 até o ano de 2020. corpus de análise composto por 11.267 discentes, 303 docentes e 701 ocupações na gestão, foi submetido a uma análise estatística descritiva e exploratória. Os resultados demonstram que nos 50 anos da UFSCar a Engenharia se manteve um espaço majoritariamente masculino, com um perfil típico de estudante e de docente do sexo masculino e da cor branca, e que há poucas mulheres nas principais posições de poder e na gestão da Universidade. Foi identificado que o número de mulheres matriculadas nos cursos de Engenharia na última década não teve aumento, assim como a escassez de mulheres no corpo docente e nenhuma professora declarada como negra ou indígena. Com isso, este trabalho aponta para a necessidade de promoção de políticas institucionais voltadas para a equidade de gênero e raça de incentivo à entrada e à permanência no ensino de Engenharia, de modo a garantir o direito social de uma educação inclusiva no ensino superior.
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